Tendências para a depressão

Há vários tipos de distúrbios mentais. Eu tenho dois, mas hoje apenas irei falar de um.
 
Uma coisa é ter depressão diagnosticada, o que já é bastante complicado só por si, mas tem tratamento, o psicólogo sabe o que fazer, o psiquiatra sabe o que receitar, e assim se vai tratando e controlando, um dia de cada vez, mesmo que não se consiga tratar totalmente, mas vai-se tentando.
 
Outra coisa completamente diferente é ter tendência para a depressão, que é o que se passa com a minha pessoa.
 
Ter tendência para a depressão é quase como viver a vida sempre no limiar, estar sempre presa na borda de um precipício, sem nunca largar as mãos porque não quero cair, mas também sem me erguer para fugir ao perigo porque não tenho a força suficiente para isso.
 
Resumindo, é um gigantesco jogo do gato e do rato, sendo que o gato é a depressão e o rato sou eu.
 
É uma luta constante e sem fim, luta essa que consegue ser mesmo esgotante, no entanto, até hoje nunca perdi uma batalha.
 
Esta luta torna-se ainda pior quando as pessoas simplesmente implicam e dizem que é frescura, que é um momento de fraqueza, que toda a gente tem momentos maus, e tudo isso por aí adiante. Vamos só esclarecer uma coisa: quando se está neste limiar, não há momentos! Nem bons nem maus, pura e simplesmente não existem! Existe apenas um vazio enorme, frio e escuro, onde a única coisa que poderá, talvez, existir são algumas palavrinhas de apoio que o doente diz de si para consigo para tentar, pelo menos, manter-se no limiar, já que erguer-se e sair do precipício está completamente fora de questão.
 
Outra coisa que as pessoas têm muita tendência a fazer: pensar que podem curar alguém com este problema. Deixem-me já quebrar o tabu: não existe cura! Não podem simplesmente puxar a pessoa do abismo ou obrigar a pessoa a esticar a mão e agarrar a vossa para que vocês a puxem, porque uma pessoa que tenha este problema nem sequer vai ter coragem para largar uma das mãos e agarrar a vossa e aceitar a ajuda.
 
No entanto, o que podem mesmo fazer é tentar que esta batalha constante seja um bocadinho menos dolorosa.
 
Eis algumas dicas:
 
1) Disponham-se a ouvir apenas e somente quando a pessoa se dispuser a falar. Não tentem fazê-la falar à força só para satisfazer a vossa curiosidade. Isso só vai fazer pior!
 
2) Se a pessoa, do nada, vos pedir um abraço, não tentem logo saber o porquê, não a encham logo de perguntas, porque se ela está a pedir um abraço, é porque está no limite das suas forças, e precisa de ajuda. Simplesmente aceitem, deem-lhe o abraço que ela tanto precisa e segurem-na o tempo que for preciso.
 
3) Se essa mesmíssima pessoa, durante esse mesmo abraço, começar a chorar, por favor, não a tentem afastar logo e saber o que se passa, toda a gente passa a vida a cometer esse erro. Simplesmente mantenham a pessoa no vosso abraço e deixem-na chorar à vontade, por muito estapafúrdia que a situação vos pareça, deixem a pessoa estar. Muito menos comecem a fazer perguntas quando a pessoa se acalmar, se ela quiser falar, ela fala, não se metam.
 
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Esta foi a minha mensagem de hoje. Volto a dizer que o que eu digo aqui é a minha maneira de ver as coisas, não estou a falar de ou para ninguém.
Comentem aqui em baixo 👇 o que acharam e digam temas que gostavam que eu falasse.


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