Vida de escritora

Aos poucos mas bons leitores que leram as minhas mensagens até agora sabem que não deixo passar um dia sem publicar nada, mas ontem foi uma exceção à regra. Em minha defesa, ontem foi o meu único dia de folga da semana passada, pelo que tudo o que quis fazer foi deixar-me dormir e nem sequer pegar no computador nem no telefone. Foi um dia technology free.
Estando isso esclarecido, passemos ao conteúdo de hoje: a minha vida de escritora.
Para aqueles de vós que não sabem (que de certeza são todos), eu sou uma escritora em ascensão, apenas com um romance publicado (ainda) e hoje decidi contar-vos sobre a peripécia que é escrever e publicar um livro.
O primeiro passo é, claro está, escrever o livro, e só esse passo levou 2 anos da minha vida. Escrever um livro não é tarefa fácil, pois tem que se ter uma grande organização de mente e o escritor tem que fazer um esforço para se obrigar a escrever todos os dias, mesmo que esteja sem a minima inspiração e que no fim do dia o que escreveu só sirva para atear uma fogueira ou ir para o lixo.
O segundo passo acontece quando a futura obra já está terminada, e passa por ler e reler o que se escreveu enquanto se ignora a vozinha irritante no fundo da nossa consciência que diz: "isso não presta para nada!"
Estando isto tudo feito e concluído, passamos para o terceiro passo, que consegue ser o mais desesperante de todos. Trata-se de conseguir os e-mails de todas as editoras de norte a sul do país e mandar-lhes a TODOS a nossa obra, com um breve texto de apresentação. A parte desesperante vem quando chega aquele periodo de silencio enquanto se espera por uma resposta de quem quer que seja.
Quando essa resposta chega, e quando a resposta começa por "encontrámos potencial editorial na sua obra. Eis as nossas condições..." e o e-mail continua por aí abaixo com uma série de condições com as quais o autor tem que se comprometer, o mundo quase que cai. A própria existência em nosso redor desaparece. Só existimos nós e um ecrã de computador, e aquela pequena frase repete-se uma e outra vez.
A partir daí, é toda uma panóplia de emoções, de discussões, de mal entendidos e tudo isso por aí fora, e quando pensamos que fizemos o maior erro da nossa vida, o produto final vem parar à nossa casa, numa enorme caixa de papelão com o nome da editora estampado, e aí vemos que tudo valeu a pena.
Depois veem as apresentações do livro que publicámos. Essa parte é relativamente fácil, para quem sabe falar em publico, o que não é o meu caso.
Depois de tudo isto, o que nos resta é esperar para ver como correm as vendas e se o público gosta do que escrevemos e é aqui que entra uma pergunta que me fizeram durante uma apresentação: "pode-se viver da escrita?"
Tal como eu disse ao rapaz que me perguntou isso, a resposta a essa pergunta é um enorme e redondo NÃO!
Isto é, claro, se não fores uma exceção à regra tipo J.K. Rowling, Dan Brown ou Stephanie Meyer. A escrita é uma espécie de lotaria, e como tal, há uma hipótese num milhão de acertar. Para se ser mesmo bem sucedido na escrita, é preciso conseguir acertar no assunto que o público quer ler, o que escrevemos tem que cair no goto de um certo público alvo, e não todos que conseguem isso à primeira tentativa. Por exemplo, o Dan Brown demorou 15 anos a acertar. E isto é apenas um exemplo...

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Por hoje é só isto. Espero que tenham gostado da minha mensagem para vocês hoje, comentem aqui em baixo 👇 os vossos escritores preferidos ou se conhecem alguém que tem vários manuscritos na gaveta e ainda não teve coragem de dar o enorme passo entre escrever e publicar. Custa menos do que julgam...

Comentários

  1. Não sou muito de leituras, mas quando leio tento ler escritores nacionais. O meu favorito é sem dúvida Fernando Pessoa, já li aquele livro das "Cartas de amor a Ophelia Queiroz" não sei quantas vezes e toda a vez me encanto com aquilo.
    Desejo-te muito boa sorte para a tua vida literária! Já agora, qual o nome do teu livro?

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    Respostas
    1. olá Renato,

      Fernando Pessoa é muito bom, mas sempre o achei uma criatura muito confusa para a minha cabeça, está tudo nas entre linhas e eu nunca soube ler esse tipo de poesia, mas gosto muito de Augusto Gil, é o meu poeta português preferido. De todos os poemas, o meu eleito é a Balada da Neve, sem dúvida.

      O meu livro chama-se Paraíso e é da Chiado Editora, mas não está nada de especial, foi apenas uma experiencia minha, então não vale a pena... Mas obrigada

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    2. Boa tarde,

      Por isso é que me fascina tanto essa pessoa! Pode-se ler umas 100 vezes o mesmo texto e descobre-se sempre alguma coisa nova, ou porque estava com outro "mood" e interpretei de outra maneira ou simplesmente as palavras ligaram-se de maneira diferente ahah.

      Claro que vale a pena! Eu irei procurar e obrigado :)

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