Saudades do Mar

Conhecem alguém que ame o mar, mas odeie a praia?
 
Se não conhecem, apresento-vos a minha pessoa. É um enorme paradoxo, tenho noção disso, aliás, eu própria sou um paradoxo ambulante, e um dos meus muitos dilemas é mesmo esse: ir à praia ou não ver o mar.
 
Na minha cabeça, a praia não representa nada de bom:
  1. Por convenção e estereótipo, tenho que mostrar o corpo, coisa que detesto;
  2. Tenho uma aversão enorme à areia. (para quem desconhece, aversão é o mesmo que nojo, impressão, repulsa). Tenho essa aversão desde miúda, os pediatras disseram logo que ia viver com isso para o resto da minha vida. Bem dito, bem certo!
  3. Se há coisa que odeio do fundo do meu ser, é uma coisa chamada "faltas de respeito", que na praia é trigo limpo, farinha amparo. Não sei se é o vosso caso, mas já me aconteceram, várias vezes, coisas do género: pessoas que sacodem a areia da toalha para cima das outras pessoas; aqueles grupos de amigos que adoram ouvir música aos altos berros, sem sequer se preocuparem se estão a incomodar os outros ou não (para essas pessoas, há uma cena muito engraçada chamada fones), e o melhor delas todas, aqueles putos que mandam sprints até ao mar, mas a minha toalha está no caminho e eles têm que dar um salto, digno dos jogos olímpicos, por cima de mim. Que amor!
  4. Há uma coisa que todos vocês fazem na praia que para mim é absolutamente impensável até às 18h: apanhar sol. Se calhar, para vocês, uns dias na praia a apanhar banhos de sol resulta num belo bronzeado e férias bem merecidas. Para mim, um único dia na praia com a hipótese de apanhar sol resulta numa semana de cama, queimaduras de primeiro e segundo grau, banhos frios com gelo, pele a escamar e MUITA pomada biafine e nivea body milk.
Como veem, para mim a praia é um sacrifício tremendo.
 
A minha única consolação: o mar!
 
Para uns, é apenas uma enorme massa de água salgada que cobre mais de 80% do nosso planeta.
 
Para outros, é o maior ecossistema do mundo, que está em perigo iminente de morrer.
 
Para mim? Para mim, o mar é um ser vivo, com vontade e consciência próprias. Talvez com mais vontade e consciência do que qualquer um de nós, ou talvez até do que todos nós juntos. É um espirito livre, que nunca será domado, aprisionado, ou quebrado.
 
O amor que sinto pelo mar não é algo que possa ou deva explicar. Acho que só o poderia comparar ao amor que sinto pela escrita ou pela música. E acho que nem isso chegaria…
 
A paz que me transmite o som das ondas virem morrer na areia, o som das gaivotas virem caçar ao fim da tarde, o cheiro a maresia… É indiscritível, é quase como se entrasse num mundo só meu.
 
É incondicional e indiscritível o amor e o carinho que tenho pelo mar, embora tenha a perfeita noção que temos uma relação de amor-ódio. É mais uma dualidade que eu sei que existe na ligação que tenho com o mar.
 
Eu explico: eu sei, e acho que todos sabemos, que, dos quatro elementos da natureza, a água é o mais forte e perigoso deles todos. Se quiser, consegue arrasar cidades inteiras de uma só vez. E no entanto, é um dos poucos sítios no mundo em que me sinto realmente segura.
 
É estranho, não é? Quem sabe, talvez tenha sido uma sereia na vida passada. E se assim for, o que eu não dava para voltar atrás…
 
 
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Por hoje é isto, minha gente. Espero que tenham gostado, e comentem aqui em baixo as vossas histórias na praia. Vemo-nos no próximo tema ;)

Comentários

  1. Olá olá! Seja bem aparecida ahah

    Por incrível que pareça, vivo o mesmo dilema que tu! Por outras razões, mas também "sofro" desse dilema! Enfim, sabe-se lá o que vai nesta cabeça xD
    Mais uma vez, adorei o texto, excelente uso das palavras como sempre!
    Fico à espera do próximo :D

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    Respostas
    1. É pelo tempo que me deixaste à espera, agora estamos quites 😜
      Também amas o mar? Ou odeia-lo?

      Ficarei à espera

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    2. Ahaha é justo! Mas o meu blogue ao lado do teu é um menino xD
      Eu adoro o mar, a areia etc etc, eu adoro a praia toda! Menos as pessoas, mas isso já é outro assunto..

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    3. olha que não, também escreves bastante bem, e falas de coisas reais.

      Sendo assim, acho que estamos no mesmo pé de igualdade quanto às pessoas que frequentam a praia

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