Época natalicia: coisa mais parva!

Olá a todos! Espero que tenham tido um santo natal junto daqueles que amam! Ou coisa parecida…
 
Visto que ainda agora passou o natal, e já que toda a gente nesta enorme rede fala sobre o dito cujo, decidi também dar a minha opinião sobre este maldito dia de consumismo deliberadamente exagerado, em que a população fica ainda mais parva do que o costume.
 
Ora, antes que comecem a atirar-me tudo o que veem à frente, vamos por partes: recordemos primeiro porque é que todos nós, salvo muçulmanos, budistas, judeus e testemunhas de jeová, ou seja, todos nós, cristãos, celebramos o natal.
 
O dia 25 de Dezembro começou a ser celebrado há 2018 anos atrás, quando Jesus Cristo, messias e mártir cristão (mentira, o homem era hebreu, o que quer dizer que era da religião judaica, ou seja, Jesus Cristo era judeu. No entanto, os judeus não acreditam em Jesus Cristo. Mas os cristãos sim. Mas quem é que quer saber, no fim vai dar tudo ao mesmo, não é?) nasceu.
 
Quando este grande evento aconteceu na história, nasceu uma nova tradição e uma nova festa: as famílias juntavam-se nas suas humildes casas de pedra, comiam e bebiam pão e vinho, e talvez um cabrito, quem os tivesse. Prendas? Uma cântara com azeite, um garrafão de barro com vinho, um punhado de sal (iguaria valiosíssima, que nem todos tinham), algumas porções de pão, muitas vezes duro ou embolorado.
Juntavam-se ao redor da mesa, se houvesse, ou ajoelhados no chão, davam as mãos, e rezavam, agradecendo o pouco que tinham para comer, reconhecendo que muitos morriam à fome nessa noite, e agradeciam a Deus por ter enviado o santo menino, que os salvaria da miséria.
 
Ainda há quem faça essas rezas, uns fazem-nas em todas as refeições, outros só as fazem no dia de ação de graças (quem o celebra), outros só as fazem no natal, e ainda outros que nunca as fazem, como é o meu caso, pois nunca precisei de rezar para saber que estou agradecida, todos os dias, pelo luxo que tenho, e para saber que todos os dias morrem pessoas à fome, ao frio e doentes. Eu agradeço todos os dias, e tento retribuir como posso a quem posso, mas não dou louros nem a Deus nem a Jesus Cristo pelo que sou e pelo luxo que tenho. Isso nunca. Mas isso é outra história, se quiserem um dia aprofundo isso…
 
Continuando e tentando não me desviar do assunto, visto que já relembrámos o porquê de existir o natal, porque parece-me que muitos se esqueceram, vamos agora comparar com os "princípios" do natal que se vive hoje em dia.
 
Quais são as preocupações de natal, hoje? Comprar as prendas a tempo. Ter tudo pronto para a ceia de natal. Alguns chegam a alugar salas e serviços de catering, o que eu acho ridículo. Pessoal que tem família longe, e que vai para uma festa de natal na terrinha, a preocupação deles é: temos que levar alguma coisa, porque chegar de mãos vazias fica mal. É engraçado que trazer comida fica bem, mas ajudar o pessoal da casa nem sequer é preciso… Curioso…
 
Isto é tudo muito engraçado, mas o pós-consoada ainda é mais giro. Como toda a gente decidiu trazer comida, o que é que acontece? Sobra imensa comida, e as pessoas não querem levar para casa, então o mais sensato a fazer é deitar uma enorme quantidade de comida fora, sabendo que estão pessoas a morrer à fome na noite de NATAL!
Outra: como já comeram e já beberam, decidem ir embora, e deixar as pessoas da casa, que normalmente são pessoas de idade, arrumar a grande confusão em que deixaram a sala de jantar!
A melhor de todas, que já me aconteceu a mim: quando alguém, que foi o meu caso e de alguns primos da minha idade, decide começar a levantar mesas e empilhar pratos e lavar pratos, enquanto outros secam os pratos, e tirar cafés e copos de vinho e tudo mais, perguntam porque é que estamos a fazer aquilo e se nos pagaram. A minha resposta para essas pessoas é apenas a seguinte: não, ninguém me pagou e ninguém me encomendou o serviço, mas sou da família e não custa ajudar, e se você e os outros empilhassem, ao menos, a porra da louça na ponta da mesa facilitavam-me muito o trabalho!
 
Perceberam a diferença que a tradição sofreu em pouco mais de 2000 anos? Se houver dúvidas ou pontos de vista diferentes por aí, deixem nos comentários. Respondo a tudo com o maior prazer.
Beijinhos e bom resto de férias a todos!


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