Sobre Ser Babysitter

Hoje venho contar-vos sobre o meu trabalho como babysitter. Meti-me nesta coisa de tomar conta de crianças porque, como já disse incontáveis vezes aqui, eu sou uma das muitas infelizes almas que ficaram sem poder trabalhar desde que começou a pandemia porque a minha área é hotelaria e restauração, e aparentemente há imensas pessoas a precisarem de alguém para tomarem conta das pestinhas lá em casa para poderem ir trabalhar - para ti que estás a ler isto e também precisas de dinheiro e não consegues trabalho, fica aqui a dica ;).
Faz-se bom dinheiro, se conseguirem fazer babysitting a várias crianças ao mesmo tempo, mesmo que muitas mães não consigam pagar nenhuma fortuna, mas sempre ajuda. Cada caso é um caso, não há nenhum livro de instruções fixas, mas posso contar-vos sobre a minha experiência!
Primeiro de tudo, quando e se procurarem trabalho a tomar conta de crianças e vos disserem que vão cuidar conta de um bebé de 5 meses, NÃO caiam no erro de pensar que é fácil. Tomar conta de uma criança tão pequena só tem uma vantagem: não anda nem gatinha, portanto, onde vocês a puserem, é onde ela fica. É a única vantagem! 
Tudo o resto é feito como se de um jogo de exclusão de partes se tratasse. Não, deixem-me refazer esta última frase: TUDO se trata, efetivamente, de um jogo de exclusão de partes.
Quando se trata de uma criança mais velha, ela pode dizer se quer brincar, dormir, comer, que tem frio ou calor ou o que quer que for que ela precise, ela chega ao pé de vocês e diz o que se passa. Uma criança de 5 meses simplesmente berra a plenos pulmões e nós temos que tentar perceber o que se está a passar; e associado a isso ainda há um novo enigma: perceber se a criança está mesmo a chorar, se é apenas birra ou se não passa de manha.
Mais, aos 5 meses é quando se costuma fazer a introdução alimentar, umas são mais cedo, outras mais tarde, mas regra geral, é nesta idade que começa o pânico. E pânico porquê, perguntam vocês e muito bem? Porque é quando tem que se explorar terreno desconhecido, é quando tem que se experimentar os vários ingredientes que usamos na nossa comida para, basicamente, usar a criança como cobaia humana; sempre que se experimenta um ingrediente novo, há que ficar atento a sinais de desconforto ou mal-estar, que podem ir desde a diarreia até à urticária.
O pânico aumenta quando chega a altura em que a criança já consegue consumir outras comidas, em que se tem que ir experimentando e vendo como ela reage aos chamados alergénios (pimenta, canela, frutos secos, marisco...). 
Também há a parte chata da coisa, em que tudo à nossa volta é Canal Panda e BabyTV. Eu sei que os programas são feitos para as mentes dos mais pequeninos, mas às vezes acho seriamente que fazem estes programas para estupidificar as crianças.
No fim de tudo, quando chega a hora da sesta, e depois de muitas birras, e várias tentativas diferentes, quando ela finalmente adormece nos vossos braços, e vocês a deitam no berço, apesar do cansaço e da vontade de também dormirem na primeira cama que vos aparecer à frente, ao vê-la dormir, pensam que cumpriram mais uma missão, tiveram mais uma vitória, e no fim, valeu a pena.
Em suma, sim, dá trabalho, exige uma paciência de santo e um controlo enorme da vontade de os atirar pela janela, mas é um trabalho que definitivamente vale a pena, cada dia é único e todos os dias são uma aprendizagem.

Comentários

  1. Cuidar de crianças é sem dúvida uma tarefa que, na grande maioria dos casos, é preciso ter muita calma, paciência, e mais importante, a capacidade de saber lidar e perceber o que se passa com as crianças/bebés nos momentos em que estão super birrentos. Não é coincidência que muita gente acaba por recorrer a babysitters.

    Imagino que possa ser difícil, mas como dizes e bem, para muita gente acaba por ser meio para ter algum rendimento extra. Para além disso, também podes encarar isto como treino para o futuro.

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    1. não creio. Não sou muito maternal, nunca fui. Para mim, tomar conta de uma criança é satisfazer-lhe as necessidades básicas e termina aí

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