Ser Tradutora

Provavelmente já não se lembram, mas há uns bons tempos, quando comecei o blogue, falei sobre ser escritora e sobre todo o processo de escrever e publicar um livro, porque passei pela experiência e queria deixá-la para a posteridade.

No entanto, sempre achei que não tinha o que era preciso. Sempre achei que me faltava alguma coisa, talvez alguns bons anos em cima antes de poder escrever alguma coisa que conseguisse encantar as pessoas ao ponto de devorarem os meus livros, como acontece com vários outros autores fantásticos, que também demoraram anos até acertarem na lotaria que é conseguir escrever um bestseller.

Porque escrever é isso mesmo: jogar uma lotaria.

Mas uma coisa eu sabia: que queria pertencer ao ramo da escrita. Qualquer coisa que envolvesse trazer novas histórias ao mundo.

Podia ir para o design, mas para desenhar, eu não presto. Mesmo. Também há o ramo comercial, que também é importante, mas já tive essa experiência e também não sirvo para isso. Falar com pessoas deixa-me nervosa.

Então para que é que eu sirvo?, perguntei eu, durante anos. Até que dei por mim a traduzir uma trilogia de livros, apenas e só por diversão, e depois uma série de livros gigante para dar como presente à minha mãe, porque ela ficou triste porque a versão em português desses livros estava esgotada.

E isso pôs-me a pensar: eu já faço isto apenas por diversão. É o que gosto mesmo de fazer, então porque não tentar viver de uma coisa em que sou realmente boa?

Agora, pensam: traduzir é mais fácil, a história já está escrita. O tanas! Arriscaria mesmo em dizer que chega a ser mais difícil. 

Isto porquê? No meu caso, o processo é o seguinte: no que toca a procurar novos livros para traduzir, eu gosto muito do wattpad (não sou patrocionada pela publicidade), porque há toda uma variedade de histórias de pequenos grandes autores internacionais, que nunca na vida pensaram em ter as histórias publicadas em papel, quanto mais traduzidas. O wattpad também tem uma coisa boa que é dar a oportunidade aos autores de ganharem dinheiro com a sua paixão.

Portanto, o processo começa aí. Procuro aleatoriamente por uma história, vejo o alcance que tem, se já teve algum prémio, se as pessoas estão a aderir bem, e mais importante que tudo, se está terminada. Isto é muito importante, porque se não estiver terminada, eu falo com o autor, ele concorda em trabalhar comigo, mas entretanto decide desistir da história, por mil e uma razões. É muito chato para ambas as partes.

Se for uma trilogia, todos os livros têm que estar terminados para eu sequer me dar ao trabalho de falar com o autor a ver se ele ou ela aceita.

Outro requisito é: no perfil do autor, tem que haver um link para um site ou uma rede social ou até mesmo o e-mail para eu entrar em contacto, porque o wattpad tem uma coisa chata que é: não posso mandar mensagem a muitas pessoas de uma vez, porque o algoritmo vai identificar como spam e bloqueia-me. Além disso, por e-mail é mais direto e mais pessoal.

Quando algum me responde, informo-o do que vou fazer, qual vai ser o processo e vou-me mantendo em contacto com o autor para o informar do progresso que estou a ter e se tenho alguma dúvida em alguma expressão mais especifica, para conseguir fazer uma tradução mais fiel ao estilo de escrita da pessoa.

Até agora, tem sido uma experiência muito gira, estou a trabalhar com um autor chamado Ryan Hodges (conhecido no wattpad como knotanumber) num projeto que lhe demorou anos chamado The Mighty Morg (O Poderoso Morg, em português), que tem a ação na época medieval, num mundo onde existem princesas, dragões e cavaleiros andantes e é um livro muito giro, quase cómico, mesmo que tenha algum drama. É quase humor inglês.

A quem gostar deste estilo e gostar ou conseguir ler em inglês, podem procurá-lo no wattpad. Ou esperar pela tradução 😛

Comentários

  1. Olá olá :P

    Já não aparecia aqui há algum tempo. Espero que esteja tudo bem contigo! :)

    Percebo perfeitamente o que queres dizer no aspecto da "lotaria". Infelizmente, muitas vezes estamos dependentes de sorte do momento para ter sucesso. Posso dizer-te que na minha área de trabalho também é um pouco assim. Estamos sempre dependentes de financiamento publico para ordenados e contratar pessoal, e para ter tal financiamento, é sempre necessário concorrer a concursos publico nos quais sugerimos projetos, os quais irão precisar de X milhares/milhões de euros. Como seria de esperar, haverá sempre várias propostas de diferentes pessoas/empresas, e só os projetos mais promissores são escolhidos.

    Por exemplo, uma vez fizemos uma proposta para a câmara municipal de Olhão para construção de uma secção no museu da cidade dedicada á diversidade ecológica da Ria Formosa. Iria ter painéis tacteis com historia da cidade e da Ria, vídeos de alguns dos locais mais belos da ria, jogos para as crianças, etc. A ideia era, sobretudo com o turismo algarvio de verão, atrair mais pessoas para o museu e assim contribuir com um maior lucro devido a um maior número de visitas. Até inclusive contactamos agências de viagens acerca da hipotese de quando fizessem packs de viagens para turistas estrangeiros estes packs incluíssem bilhetes com desconto. Apesar da ideia interessante, a proposta até agora nunca saiu da gaveta do presidente da câmara...

    Mas continuando, o que interessa é não desistires. Se achas que tradução é o que queres fazer, seja por gosto ou por achares que não consegues fazer outras coisas (design, área comercial, etc), então só precisas de dar o teu máximo e eventualmente as portas vão-se abrir para ti.

    Confiança e boa sorte! :)

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    Respostas
    1. Olá!

      Achei o projeto muito interessante, não sei porque é que não avançaram. Até porque os museus estão a ficar obsoletos, e é sempre bom saber a história da terra.

      Não pretendo desistir da tradução, é uma coisa que gosto mesmo de fazer, e se puder dar oportunidade a outros autores de se tornarem conhecidos, então é ouro sobre azul!

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